A grande descoberta


 

A GRANDE DESCOBERTA: A América Desapareceu! A Primeira Viagem a uma Realidade Paralela

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A Primeira Travessia para o Desconhecido

Foram vinte e três viagens no tempo bem-sucedidas, rotinas que solidificaram a confiança no projeto. O Observador e o Narrador já tinham catalogado o nascimento e a ruína de impérios, e testemunhado o fim de inúmeras guerras. Mas nenhuma dessas jornadas no passado os preparou para o que estava prestes a acontecer.

Dentro do laboratório, o brilho azul dos painéis refletia nos enormes óculos do Observador. Cabos vibravam levemente com o zumbido da energia, a sinfonia da ciência futurista. A voz calma e precisa do Narrador quebrou o silêncio:

Transferência temporal programada. Destino: ano 2000. Linha principal. Observação remota, sem interação física.

O Observador ajeitou os óculos, respirando fundo.

— Tudo certo, Narrador?

— Todos os sistemas estáveis. Conexão em vinte segundos.

Ele deu um leve sorriso.

— Vinte segundos... sempre parece mais longo do que uma eternidade.

Luzes estroboscópicas começaram a girar ao redor do corpo dele, refletindo nas lentes.

— Dez segundos...

— Que seja tranquilo desta vez — murmurou o Observador.

— Cinco... quatro... três... dois... um... conexão iniciada.

Um clarão branco engoliu tudo.

Silêncio.

Depois, uma visão.

O Observador sentiu um tipo de náusea fria na boca do estômago — um desequilíbrio sensorial que as vinte e três viagens anteriores nunca haviam provocado.

Diante dele, o planeta girava lentamente. Europa, África, Ásia, Oceania... estavam em seus lugares.

Mas a América desaparecera.

No lugar dela, estendia-se uma imensa névoa que cobria todo o continente, do Ártico à Patagônia. Densa, viscosa, quase orgânica. Um véu cinzento que se contorcia e fervilhava — e parecia olhar fixamente para ele.

— Narrador... confirma o destino.

— Ano 2000. Leituras temporais corretas.

— E essa névoa? Nunca vi nada assim em nenhuma viagem temporal.

— Analisando... — respondeu a voz da IA, agora com um leve e preocupante atraso. — As leituras não batem com nada conhecido. Densidade... variável. Estrutura... desconhecida.

O Observador tentou ampliar o foco pelos óculos dimensionais.

Nada.

A imagem tremia, o som sumia, e o visor pulsava em branco.

— Parece... viva — sussurrou ele.

— Viva... e impenetrável, confirmou o Narrador. — Não há forma de atravessá-la. O sistema está tentando refazer o espectro de leitura. Alerta: Distorção de frequência.

— Voltamos mesmo para o ano 2000?

— Sim. Mas... algo está fundamentalmente errado. Há uma distorção espacial.

— Distorção?

— As coordenadas não correspondem à linha principal. Os dados indicam que cruzamos mais do que o tempo. As leituras sugerem um salto para uma Realidade Paralela.

O Observador franziu o cenho.

— Narrador...

— Sim?

— Acho que acabamos de sair da nossa realidade.

O silêncio da linha de comunicação foi longo, pesado. Depois, o Narrador respondeu, em um tom suave e quase hesitante:

— Sugiro que observemos os outros continentes enquanto recalibro o sistema. E torçamos para que encontremos respostas.

O Observador respirou fundo, o brilho das lentes refletindo a névoa viscosa que engolia a América.

— Tudo bem... vamos ver o que esse mundo paralelo tem para nos mostrar.

E assim começou a primeira viagem não planejada — não apenas no tempo, mas além de todas as realidades conhecidas.

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