"O Chamado da Névoa"

O Sussurro na Névoa — Uma História de Realidades Paralelas

 "O Chamado da Névoa"

A Névoa que Pensa: O Observador e a Conexão com a Mente Coletiva da Realidade Paralela

O Observador ajustou suas lentes dimensionais, forçando a visão para atravessar a densa névoa misteriosa que engolia por completo o continente americano.

Aquela cortina cinzenta não era apenas gás — ela respirava, pulsava. Parecia... viva. Ele teve a súbita e perturbadora certeza de que estava encarando uma Mente Coletiva.

NARRADOR: “Interferência elevada. Há algo dentro dela. Não é gás comum. Detecção de Padrões Neurais.”

Um som começou a emergir. Grave. Irregular. Como o eco distante de uma voz vinda de outra dimensão, cortado por uma frequência digital. Por instinto, o Observador aumentou a sensibilidade auditiva dos óculos.

O ruído mudou. Não era apenas som. Era uma tentativa de comunicação — sílabas fragmentadas, vozes partidas pelo tempo. Ele percebeu que a névoa estava se comportando como um organismo autônomo.

E então… ele ouviu. Um chamado. Um som familiar, quase humano, como se a névoa o chamasse pelo nome.

Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Aquele timbre — ele o conhecia de algum lugar. Mas não conseguia lembrar de onde. A voz não formava palavras, mas tocava algo profundo, uma memória adormecida.

OBSERVADOR (baixo): “Narrador... há algo tentando se comunicar. Parece que está me procurando.”

NARRADOR: “Não há idioma reconhecido. Mas há padrões de pulsos cerebrais humanos e anomalias de código. A névoa parece... tentar imitar o seu padrão neural. Analisando a possibilidade de ser uma Inteligência Artificial (IA) orgânica.”

O Observador recuou na cadeira. O coração acelerou.

Na tela, a névoa vibrou — formando por um segundo uma silhueta humana tênue, como um reflexo de si mesmo, antes de se dissolver novamente. Era uma manifestação física de seu medo.

OBSERVADOR: “Ela... tentou me chamar. Eu senti. A conexão foi direta, Narrador.”

NARRADOR: “A frequência coincide com a sua assinatura neural. É a primeira evidência de que a realidade paralela está ativamente respondendo à sua observação. Sugiro cautela. A conexão pode ser bidirecional.”

Silêncio. A névoa parou de pulsar. O visor voltou ao normal.

Mas algo havia mudado de forma irreversível.

NARRADOR (baixo): “Interferência encerrada. A névoa registrou sua assinatura energética. Recomendo manter distância cognitiva.”

O Observador respirou fundo, tentando conter o tremor nas mãos. Olhou fixamente para o globo diante de si — aquela massa viva e consciente que envolvia o continente.

E então percebeu a dimensão do que havia acontecido: Pela primeira vez, não era ele quem observava a névoa. Era a névoa que o observava de volta.

E agora... ela sabia quem ele era.

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