O Mapa Mental da Europa Desconhecida

 


O Mapa Mental da Europa Desconhecida

O silêncio ainda pairava após o contato com a névoa.
O Observador manteve os olhos fixos no visor, como se buscasse algum sinal que confirmasse o que sentira.
Nada. Apenas o brilho difuso da massa branca, imóvel e enigmática.

NARRADOR:

“Sugestão: afastar o foco da névoa e concentrar a análise neste lado do planeta. Precisamos entender a estrutura social desta realidade antes de qualquer tentativa de aproximação.”

O Observador respirou fundo e assentiu.
— Concordo. Onde começamos?

NARRADOR:

“A Europa apresenta variações políticas e linguísticas profundas. Sugiro um levantamento estratégico. Vou projetar um mapa mental para coordenar as áreas de pesquisa.”

Um holograma se abriu diante das lentes — uma rede luminosa, conectando regiões, cidades e pontos de interesse.
Cada linha pulsava com cores diferentes: vermelho para zonas industriais, azul para centros urbanos, verde para áreas culturais e dourado para centros de poder.

NARRADOR:

“Nosso ponto inicial será o Reino de Iberan. Estrutura sólida, comunicação intensa, influência sobre o comércio continental.”

— Iberan... a fusão de Portugal e Espanha, certo?

“Correto. A partir dali poderemos cruzar informações políticas, econômicas e históricas. Os registros indicam múltiplas fontes: rádios de onda longa, bibliotecas públicas e arquivos governamentais descentralizados.”

O Observador se inclinou sobre o console.
— Você quer dizer que poderemos pesquisar através das pessoas?

“Exato. Vamos usar varreduras de comportamento e comunicações abertas. Observação indireta. Nenhuma interação física. Detectaremos padrões em falas, costumes e máquinas.”

— E se houver computadores?

“Se existirem, parecem locais e analógicos. Os dados serão coletados por leitura de pulsos elétricos e transmissões estáticas. Nenhum sistema em rede. Isso tornará a pesquisa mais lenta, mas também mais segura.”

O mapa mental expandiu-se ainda mais.
Linhas se entrelaçavam, formando uma teia que cobria todo o continente.
Cada ponto brilhante representava uma possibilidade — uma conversa, uma biblioteca esquecida, uma estação de rádio perdida no tempo.

NARRADOR:

“A pesquisa será meticulosa. Vamos reunir fragmentos: notícias, registros, conversas e arquivos. Só assim poderemos entender o que este mundo acredita ser real.”

O Observador observou o mapa — cada luz piscando como uma estrela distante.
— É um plano perfeito, Narrador.

“Não há planos perfeitos em mundos imperfeitos. Mas há eficiência.”

O Observador sorriu de leve.
A tensão da voz familiar da névoa ainda pairava em sua mente, mas agora havia um propósito claro: investigar.
— Então vamos começar.

NARRADOR:

“Concordo. Iniciando varredura completa. Nova missão: Exploração da Realidade Paralela – Europa Linha 2000A.

O holograma brilhou intensamente.
E pela primeira vez, o Observador teve a sensação de estar pisando em um novo mundo — mesmo sem sair do lugar.

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